terça-feira, 29 de novembro de 2011

O PULPITO E O TERRORISMO PSICOLÓGICO




 Você com certeza já ouviu lideres se defenderem em suas posições a fim de ganhar força para fazerem o que quiserem e não serem questionados. Já existe chavões para isso “Não tocar o ungido do Senhor” mas ainda existe expressões mais concisas. Como aquelas comuns em reuniões de obreiros, em que muitas vezes o líder tenta conseguir uma cobertura, apelando para situações supostamente históricas de pessoas que se levantaram contra pastores e ou lideres, e sofreram a pena divina, “pagando o preço” como diz o linguajar evangeliquez. Eu sou contra o desrespeito ao líder, sou contra a desobediência ao líder, mas é preciso salientar com muita clareza: lideres, inclusive pastores não são infalíveis, e são humanos, e estão sujeitos a falhas e correção! Nesse caso precisam de correção sim! Líder está sujeito a erros e a equívocos, e nesse caso plausíveis de correção e em determinadas circunstancias de oposição. Não posso concordar com uma incoerência de um superior, devo ser transparente, se vejo claramente que está errado. Se opor e não aceitar não é errado.
 Mas a minha ênfase não é precisamente isso.
 Ao tentar fazer do Salmo 105:15 I Crônicas 16:22 um mecanismo de defesa e cobertura para fazer o que bem entende, o líder que apela para o chavão “Não toqueis nos ungidos do Senhor” respira ares de superioridade de infabilidade e de TERRORISMO PSICOLOGICO. Já que a conseqüência de tocar num ungido sempre é clara no contexto desse argumento de defesa: uma situação nefasta, morte, perda de filhos, perda de bens etc e etc.
 Infelizmente, eu mesmo presenciei como muitos lideres fizeram o que quiseram, defenderam coisas erradas e tomaram decisões equivocadas a prejuízo de uma platéia que retrocedeu, encolhida e espantada, porque não poderiam se opor contra o ungido...
 Os prejuízos então devem ser devastadores, a nível universal! Por causa dessa espécie de cobertura que muitos lideres usam, para se isentarem de ataques e se sentirem a vontade para fazer o que quiser sem encontrar muita oposição.
 O que você acha, Jim Jones era líder espiritual. Quando o templo do Povo começou, pelo que pesquisei, era uma igreja cristã, os desvios vieram sorrateiramente, por causa do carisma e dos desvios doutrinários do Jones. A submissão cega custou o prejuízo daqueles que não se oporam a ele.
 Davi quando errou foi repreendido por Natan. O líder não está isento de julgamento quando erra, quando o erro de um líder é coberto, todos podem sofrer, e as conseqüências são tão sérias quanto se imagina. Eli perdeu seus filhos Ofni e Finéias. Nesse caso, foi o próprio sacerdote que teve de sofrer as conseqüências, porque acabou também perdendo a sua vida de forma trágica. Tudo foi conseqüência de seus erros. Mas isso não é contado em casos de terrorismo psicológico. O que dá a entender que o líder está pronto a fazer o que quiser, sem ser questionado, sem ter oposição, e que se porventura alguém se levantar, vai se dar mal, mas se ele tiver errado, Deus vai tolerar o erro dele, porque ele foi “ungido por Deus”. Isso é uma infâmia, me desculpem uma aberração!
 Todo erro tem conseqüências, não importa de onde proceda! Essas conseqüências vão desde o nível pessoal até o social mais amplo, pode afetar poucas e muitas pessoas.
 Eu vejo como pessoas usam esse argumento para se sentirem a vontade e não serem questionados ou criticados. Um dos servidores desse terrorismo psicológico, certo tele-evangelista norte-americano muito conhecido, por causas de suas declarações heréticas e descabidas, como a afirmação de visitar cemitérios para buscar unção no tumulo de pessoas falecidas. É um exemplo desse tipo de manipulação. Pedro era uma autoridade espiritual, mas Paulo o repreendeu na cara porque Pedro estava equivocado!
“E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.” (Gl 2:11)
 quando um líder argumenta a favor da incoerência, por favor desconfie dele! Rejeite seus ensinos, ele pode estar causando sérios prejuízos a obra de Deus e só o tempo vai revelar a devastação que pode ocorrer.
 Em Oséias 5 há outro exemplo claro, príncipes e sacerdotes são repreendidos pelo profeta Oséias. É um falso conceito perigoso pensar que um suposto ungido ou até mesmo um líder com chamado vocacionado confirmado esteja livre de repreensões e oposições. Isso é um engano, e geralmente quem assim procede, está lidando com orgulho e erros, e não quer sofrer oposição mas quer seguir o curso livre em cometer erros, sem precisar passar pelo crivo da oposição dos que não concordam.
 Esses fortes apelos não vem somente de lideres de alta posição, as vezes em pequenas igrejas muitos apelam para esse tipo de coisas. Ainda recente vi um caso assim. Um pastor falando de púlpito que todos os que se levantaram contra ele caíram. Eu não concordo em hipótese alguma em se levantar contra homens de Deus sem causa justa e confirmada pelas escrituras, sou completamente contra isso. Lidero igreja, meu rebanho é pequeno, mas não uso de estratégias para fazer com que me isente de erros. Sou humano e tenho falhas e defeitos e preciso lidar com eles, e na hora das falhas, tenho que enfrentar a repreensão se isso for possível. Tenho que reconhecer meus erros, tenho que lidar com os que não aprovam com uma decisão que errei, tenho acima de tudo que acertar as coisas, quando elas estão erradas, principalmente quando elas partem de mim. Isso é claro e coerente.
 Mas quando um líder quer espaço para o domínio, quando quer apelar para a tirania, quando tem segundas intenções, quando quer trabalhar na política da intolerância, quando quer algo que beneficie suas conveniências pessoais, ele apela para o terrorismo psicológico, implantando o medo nas pessoas, para ficar isento de criticas e oposição.
 Não é meu objetivo incentivar a rebelião, essa matéria está a milhões de kilometros disso. Estou apenas salientando o fato de que querer seu um ungido intocável é uma utopia sem base nas escrituras. Isso é próprio de um tirano e um ditador, de alguém que deseje dominar as pessoas, e ter o curso livre para seus propósitos. Creio na autoridade espiritual instituída, tanto social quanto eclesiástico, incentivo a obediência, mas não incentivo prestar obediência cega a ninguém!
 O terrorismo psicológico tenta a assustar as pessoas, com segundas intenções. Fazer com que as pessoas se retraiam no medo, e não questionem as coisas para conferir com as escrituras por exemplo, aquilo que se prega, se ensina ou propõe, quando não segue o modelo da nobreza espiritual é perigoso.(Atos 17:11)
 Devemos amar nossos lideres, sim devemos honra-los, isso é uma coisa, mas um líder tem que saber lidar com as suas limitações, tem que entender que é humano, sujeito a fraquezas e falhas. A ênfase que se dá uma ´pessoa pela sua liderança e seu carisma, é perigoso, o coração do homem tem fortes tendências de praticar idolatria, Paulo enfrentou esse tipo de coisas em Corinto, a igreja estava dividida, uns olhavam para Apolo, outros para Cefas e assim havia partidarismo dentro da igreja de Corinto.
 Outro fato interessante aconteceu na igreja de Efeso (Apocalipse 2:1 a 7) ali havia pessoas que se diziam apóstolos que foram postos a prova e não eram. Veja bem, alegavam uma missão especial, uma classe de ungidos, mas que foram desmascarados. Essas informações são interessantes e são bíblicas, Jesus aprovou essa atitude dos cristãos de Efeso, e nunca disse que isso era pecado, se levantar contra supostos apóstolos. Agora uma nova modalidade de lideres querem ser inquestionáveis em termos de praticas e doutrinas, ensinam doutrinas estranhas, procuram introduzir heresias e modismos, outros querem simplesmente liderar de forma a serem inquestionáveis e intocáveis.
 Devemos amar nossos lideres, os autênticos e  vocacionados, Jesus falou sobre uma outra espécie de liderança: o pastor mercenário, é isso mesmo, uma espécie de líder de ovelhas, que não tem compromissos autênticos de defesa e amparo das mesmas.
 Meus amados irmãos, é pelo fato de existirem homens bons e maus, que também haverá lideres bons e ruins. Temos que ser criteriosos. Líder não é um super-homem intocável. Não usa de terrorismo psicológico para fazer o povo se retrair para que ele possa se esconder numa capa de “ungido de Deus” para fazer o que bem entender, ele não infalível. Lembre-se disso, e tome cuidado quando você estiver na frente de pessoas que lideram com arrogância, que pressupõem estar convictos de uma verdade que não precisa ser testada e avaliada, tome cuidado se esse líder promover culto a si mesmo, se  achar como um enviado de Deus para uma missão especial. Tome cuidado! A cegueira dos seguidores de Jim Jones custou a queda ao abismo. Muita gente tem perdido a noção do critério, e acabam se retraindo, ou são vitimas desses terroristas de púlpitos que querem se igualar a Cristo, na essência e não no caráter, porque Cristo tinha uma vida aberta e transparente. Muitos promovem uma auto-divinização, e muitos caem nessa cilada, e acabam prestando adoração, obediência cega aos lideres, seja por manipulação ou por simples cegueira, já que nesse mundo há uma grande parcela de pessoas que fazem questão de serem enganadas, mas que você não seja uma dessas.
  Louvado seja o nome do Senhor Jesus, modelo de um autentico líder, e que cada um venha se espelhar nEle, e desconfiar de todos os querem roubar a  glória que pertence a Ele.

PR CLAVIO JUVENAL JACINTO

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