A experiência da cruz só será
real para aqueles que desejam morrer por intermédio da disciplina que ela exige
Não é muito comum hoje falar sobre cruz. Isso
parece muito irônico, mas embora o cristianismo seja tão conhecido no ocidente,
a doutrina da cruz não tem sido pregada, e nem mesmo é realçada nos sermões
modernos. A cruz é uma doutrina que espanta o ego humano, e talvez não torne
muito popular nem a pregação e muito menos o pregador, por isso ela tem sido
abolida dos fundamentos da fé cristã.
Porque isso está acontecendo? Geralmente as
técnicas usadas para arrebanhar seguidores para o cristianismo não tem sido os
mesmos métodos usados por Cristo. Jesus chamava as pessoas ao arrependimento, e
para convidar pessoas a se arrependerem, é preciso que elas estejam conscientes
que são pecadoras. Se são pecadoras, precisam acertar suas contas com Deus, e
isso não pode ser feito pelo próprio homem pecador. O que resta, senão a obra
da cruz. Mas a redenção por si só já é um insulto ao ego humano. A tendência de
criar uma religião para satisfazer o ego é tentadora, e muitos se inclinam a
esse tipo de coisa. A religião humana, egocêntrica, dispensa a cruz, não gosta
da cruz, não quer a cruz.
Devemos entender que o convite de Jesus, não é
o mesmo convite da maior parte dos pregadores modernos, alguns convidam as
almas para se achegarem ao cristianismo com o convite atrativo de não sofrerem
mais, no entanto Jesus disse: “E quem não toma a sua cruz, e não segue após
mim, não é digno de mim.” (Mt 10:38). Você vê essa mensagem hoje em dia? A cruz
não nos leva para um paraíso imediato, ela nos leva para a mortificação, para a
vergonha, para a vida no espírito.
Agora vejamos outro aspecto da mensagem da
cruz que é um confronto para o ego humano: “Mas longe esteja de mim gloriar-me,
a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está
crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gl 6:14)
Isso soa como algo contrario a tudo o que
conhecemos hoje como cristianismo popular. O cristianismo popular sem cruz,
fabrica artistas, mega-estrelas pop, pregadores se transformam em objetos de
idolatria, cantores também. O ministério passa a ser o vinculo do
profissionalismo marcado pelo lucro, dos altos salários e acendendo a cobiça
pela ascensão ministerial. Tudo isso é uma afronta as palavras de Paulo, seria
melhor classificar. Recentemente fiquei sabendo de uma cantora gospel, dona de
gravadora, que cobra somas altíssimas para apresentar seus shows, alem disso
também era também deputada federal, seu casamento se arruinou, além de milhões
de distancia do padrão de uma esposa segundo o modelo bíblico. (ela não tinha
tempo suficiente para um relacionamento sadio com o marido, segundo alguns
noticiários) esse é o modelo do cristianismo atual. Usar a religião para
construir impérios e subir na carreira política ter um status a mais, ganhar
mais e viver de modo regalado, muito distante de tudo o que o Senhor ensinou
nas escrituras. Aqui está um exemplo de um cristianismo sem cruz. Preciso dizer
mais alguma coisa?
Vivemos um momento de grande confusão, a cruz
atrai a um centro, a uma pessoa: a Cristo, cruficicado e ressuscitado. A cruz
significa morte aos prazeres mundano, significa morte ao próprio mundo. A cruz
direciona o cristão para o céu, eleva a nossa pátria para um mundo superior,
não desse mundo. Jesus fala sobre a realidade desse mundo em João 14, afirma
que vai preparar um lugar e então virá nos buscar. Que impacto isso tem na vida
das pessoas hoje? Será que os cristãos modernos anseiam por esse lugar? Eu
duvido muito que lideres cristãos que vivem a custa do rebanho, exercendo
cargos cujos salários, ultrapassam aquilo que podemos classificar de
exorbitante, vivendo no luxo, na comodidade no conforto e desfrutando assim de
muitos prazeres mundanos, tenham vontade de morar no céu, ou clamam
ansiosamente pela vinda de Jesus. Muitos estão agarrados aos seus impérios, o
cristianismo dessa gente é extremamente materialista, essa é uma das piores
manchas que o cristianismo autentico tem que suportar por causa desse
pseudo-cristianismo de fachada que tem muita parencia de piedade, mas nega a
sua eficácia.
De fato existem as exceções. Eu conheço
pessoalmente um pastor evangélico que é feliz por ser pobre, ele realmente é
pobre, literalmente, não tem um carro, nem mesmo uma motocicleta. Vive o
evangelho, prega o evangelho, é um homem de Deus. Aliás conheço outros que são
assim. Pessoas simples, que estão ali no mio do povo sofrendo com o povo. O
evangelho sem cruz é um evangelho de ilusão. A cruz nos ensina o valor das
coisas como elas são. Não menos que isso.
Já o modernismo do cristianismo sem cruz
dispensa a cruz, ela não é boa, não dá reputação, sua mensagem não atrai os
materialistas, a cruz não dispõe de vantagens para o egoísta. Não tem proposta
para os orgulhosos. Na cruz as riquezas desse mundo, podem se transformar em
lixo, e as vantagens mundanas em escória. “E, na verdade, tenho também por
perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como
escória, para que possa ganhar a Cristo,” (Fp 3:8)
Quem hoje nesse cristianismo de vantagens tem
considerações a altura da confissão do apostolo Paulo em Filipenses 3:8?
Você conhece alguém? Nessa cristandade
confusa, soa as palavras tristes de Paulo: “Porque muitos há, dos quais muitas
vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de
Cristo” (Fp 3:18) cristãos que confessam a Cristo e são inimigos da cruz dEle?
Que paradoxo! Mas é verdade, muitos dizem amá-lo com a boca para logo em
seguida negá-lo com atitudes.
Eu sei o quanto mensagens como essa são
impopulares hoje em dia. Tenho escrito estudos sobre assuntos como esses, isso
não dá fama, não leva ao êxito. A maior parte dos cristãos não estão
interessados em assuntos espirituais autênticos. Estão sim interessados com a
política, com os reinos desse mundo, estão preocupados com dízimos, com o
conforto, com riquezas, com vantagens pessoais, com misticismo e êxtases. É
triste afirmar, mas desde que o cristão moderno possa sentir uma êxtase
emocional, tudo mais vai bem. Não importa nem mesmo a obediência. Se em questão
doutrinaria, alguém experimenta um êxtase emocional, mesmo andando fora dos
padrões divinos, isso é interpretado como uma aprovação divina. Eis aqui um
campo abismo, onde muitos estão caindo.
“Porque a palavra da cruz é
loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”
(1Co 1:18)
veja bem as palavras de Paulo. A palavra da
cruz é loucura para os que perecem...
isso por si só já denuncia a
condição espiritual de muitos cristãos professos.
CJJ
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