quarta-feira, 5 de maio de 2010

Cristão partidarista?



Deve um cristão ser político e participar ativamente da política? Essa é uma pergunta que certamente muitos cristãos desejam formular e obviamente receber uma resposta. Nesse artigo, desejo pelo menos dar uma resposta satisfatória para a questão, e deixar que no final, você mesmo decida, sobre o assunto.
O Dr A Edwin Wilson certa vez falando sobre o cristão e a política, escreveu: “Deixe-me repetir - este não é o tempo para a Igreja e os cristãos governarem em posições de Estado. Antes, a nossa relação com o mundo deve ser aquela de um cidadão de todo o mundo. Devemos viver e pensar de maneira a cumprir o comissionamento de Marcos. 16:15: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura". Nós não devemos criar antagonismos com todas as nações do mundo, pela proclamação de que pertencemos a uma nação e, dessa maneira, embaraçar o nosso testemunho por Cristo em outras nações. Devemos, antes, ser não-partidários, nas nações onde vivemos, do que fazermos membros de um partido, assim antagonizando todos os outros e impedindo nosso testemunho para todos aqueles que não pertencem ao partido ao qual estamos filiados” (Extraído do livro: The Writings of A. Edwin Wilson)
Vamos começar por aqui. A política, ela pode ser neutra, quando ninguém na igreja se envolve, e cumpre seu papel de cidadão. Voto secreto, e livre, com muita responsabilidade. O tratamento que muitos crentes vão ter com relação a liberdade ou perseguição está ligado aos candidatos que ele vai votar e eleger. Isso finda-se aqui, porque não é o assunto em pauta. Agora, quando o crente se envolve demasiadamente com a política, assumindo uma posição, fazendo propaganda, aderindo a um partido ou candidato, apoiando esses, um partidarismo é desenvolvido. E todo o partidarismo gera atrito, a igreja não foge a regra. E eu sei muito bem disso, porque em toda época de eleição isso acontece, lá fora no mundo, e também dentro da igreja...
Todo o partidarismo gera contenda, na igreja de Corinto havia o problema do partidarismo por causa das preferências pessoais. Uns eram de Paulo, outros de Cefas, e outros de Apolo. Cristo não era o centro. Esse princípio também funciona adequadamente na questão política. Eu sou do candidato A, o outro é do candidato B e o outro do candidato C. isso dentro da igreja gera contenda entre irmãos. A política exposta e livre dentro da igreja leva o cristão a desobedecer a palavra de Deus: “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; (Fp 2:14). A quem você vai obedecer? Aos politiqueiros da igreja ou a palavra de Deus? o problema dos Corintos partidaristas, já mencionado dividia a igreja. e fazia com que Paulo os denunciasse como carnais e não espirituais: “Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? (1Co 3:3). Veja bem, andando segundo os homens. Eu tenho experiência disso, o centro da política é os políticos. O mundo coloca esperança nos políticos. O mundo espera nos políticos. Mas o cristão genuíno espera em Cristo. O partidarista cristão, descentraliza Cristo, e as vezes o candidato cristão também faz isso. E ninguém vai contraria isso que falo agora: que uma campanha política é mais honrada pelo partidarista do que a grande comissão de Cristo. Em época de campanha você vê crentes em comícios, mas que não comparecem nas reuniões de oração, vê crentes distribuindo propaganda eleitoral, mas nunca os vê entregando folhetos e evangelizando, encontra os partidaristas de casa em casa pedindo voto, mas não os vê de casa em casa anunciando as boas novas de salvação, aliás para o partidarista é mais importante implantar um diretório de partido político do que uma associação missionária. Você mesmo sabe que isso é verdade, e deve ser bem realista sobre tudo isso que estou falando, é a mais pura verdade! Ora a bíblia é completamente contraria ao partidarismo dentro da igreja: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco. (2Co 13:11)
Há um mito, uma fabula que muitos crentes assumem sustentar, querem um presidente evangélico, governadores e deputados evangélicos, a instituição de um sacrossanto império evangélico. Mas olhe para a história dos políticos ditos evangélicos que se elegeram, olhe para eles, estude tudo sobre eles, e não tente tapar o sol com a peneira. Você vai ficar decepcionado...
Agora veja bem, estude as escrituras, você verá que Jesus não tinha nenhum interesse com respeito aos reinos desse mundo, ele mesmo disse: “ O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. (João 18:36). Olhe irmão, se você quer pelejar pela instituição de um reino, que seja o reino dos céus, não algum reino deste mundo. Paulo também afirmou: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:20). Aqui a palavra grega traduzida por “cidade” é politeuma, e segundo o Strong, significa: administração de afazeres civis ou de uma comunidade , constituição de uma comunidade, forma de governo e as leis pelas quais é administrada , estado, comunidade , a comunidade dos cidadãos.” É por isso que em algumas traduções, o termo foi traduzido por pátria. Na visão de Paulo, nossa atenção e nossa dedicação e nosso envolvimento deve ser voltado para Cristo e para os céus. E não para os reinos desse mundo. Nossa responsabilidade aqui é orar pelos governos. E isso poucos cristãos fazem...

Cristo nunca se envolveu com política, não foi candidato e não apoiou candidatos, Paulo e os outros apóstolos seguiram a mesma corrente. A igreja primitiva tinha uma visão bíblica da política, foi só a partir do imperador Constantino(foi imperador em 306 a 337) que se “converteu” ao cristianismo, que houve uma união entre a política e a igreja, daí para frente as coisas decaíram, até chegar em Teodosio(foi imperador de 378 a 395) que oficializou o cristianismo como a religião do império. Daí para frente o declínio pode ser visto até chegar no sacrossanto império romano, este santo império romano, que uniu igreja com estado, foi iniciado por Carlos Magno e Leão III e durou cerca de 1000 anos até ser destruído por Napoleão Bonaparte em 1806. veja a história, os resultados desse “santo império romano”, foi nesse período de “santo império” que existiu, segundo Haley, a “meia noite da idade média”. Esse foi o resultado da política infiltrada na igreja desde Constantino.
A política desviou a igreja da sã doutrina, da grande comissão e da separação do mundo, uniu igreja e mundo, paganizou ela, e a deixou em um estado de densas trevas. Porque então agora as pessoas querem infiltrar a política dentro da igreja novamente? Voce pode argumentar a favor da política, mencionando alguns resultados positivos, e não discordo disso. Quando Constantino aderiu ao cristianismo e teodosio oficializou, a igreja deixou de ser perseguida, houve pela primeira vez na historia a tolerância religiosa, ou seja cada um era livre para seguir a religião que quisesse. Tudo isso não deixa de ser coisas boas, mas o resultado final foi trágico e culminou por fim numa religião tão corrupta e intolerante, que milhões de pessoas acabaram perdendo a vida, por causa da intolerância dessa religião paganizada. hoje muitos católicos querem argumentar que foram os políticos que queimaram as pessoas nas fogueiras da inquisição, e era verdade, não eram papas e nem padres, mas eram pessoas que eram católicas professas, e que tinham a “benção’ dos prelados católicos para cometerem tais crimes. Em todo o novo testamento, encontramos uma igreja não associada com a politicagem. Sofreram a perseguição, mas eram claramente separados. Havia só um estandarte, e esse era o de Cristo, estavam ocupados com a oração, pregação e partir o pão. Não havia presbíteros e pastores ocupando cargos públicos, mas eram separados para cuidar do rebanho e exercer o ministério, alguém pode me provar o contraio?
Hoje em dia a gente presencia escândalos e atos vergonhosos por causa da politicagem. Vandalismo e todas as espécies de baixaria, o fanatismo partidarista virulento tem infectado até “crentes’ e olhe para os resultados. Gente bicuda dentro da igreja porque o irmão fulano votou para a oposição. Eu pergunto para o amado leitor. Se cada crente fosse neutro, e cuidasse somente das coisas santas,e não se envolvesse com o partidarismo e usufruísse do voto de sábio (secreto), sem uma manifestação publica, como seria hoje o cristianismo de cada denominação? Quantos escândalos, brigas, divisões ,problemas etc seriam evitados. A preço de vergonha própria e alheia aprendi a não mais se envolver com a política, para não mais se associar com as mentiras, com as falcatruas e os escândalos que envolvem o sistema político moralmente falido.

Alem disso temos coisas mais importantes para se envolver. Oração, evangelismo, visita aos hospitais, visitas aos irmãos, intercessão e apoio missionário, cultos, família, propagação do evangelho, leitura e estudo da bíblia etc etc. a vida da igreja primitiva era uma vida voltada para a devoção e as boas obras. Os cristãos não estavam interessados em cargos públicos, não faziam oposição política aos imperadores. Eram neutros, estavam atentos ao reino de Deus, não aos reinos desse mundo.


Para defenderem a política, muitos apontam para Daniel, José no Egito e Davi. Bem essa foi à maneira de Deus trabalhar na vida e no destino de Israel no antigo pacto. Não tem nada a ver com a atual dispensação. Nosso modelo atual é Cristo. Israel era um reino, foi o povo que pediu um rei, e Saul foi dado como Rei. Deus começou com Israel, mas agora está com a igreja. Então seu principio de administração espiritual é completamente diferente. Daniel e os que citei acima estavam dentro do modelo de propósito do Senhor. A questão principal na vida de Daniel, por exemplo, era a soberania de Deus, não um partidarismo patriótico. José por sua vez estava dentro do propósito de providencia, para a unidade de um povo, não para a fragmentação causada por uma corrente política, como acontece hoje. Davi era o rei de um reino, Israel, mas hoje Cristo é o nosso Rei, porque estamos inseridos no Reino dos céus. Os imperadores romanos e os politiqueiros de plantão da época de Jesus percebiam isso, e se preocupavam até com Jesus. Muitos viam o cristianismo como uma oposição ao império ou ao estado, justamente por não entenderem os fatores espirituais que implicavam nos valores das verdades do cristianismo. Para o cristão nessa dispensação é ordenado: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6:33) a igreja foi chamada na grande comissão para fazer discípulos e não políticos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; (Mt 28:19) com exceção do reino de Deus, todos os outros reinos não pertencem no atual estagio da história, ao senhor. São simplesmente reinos desse mundo caído, com todas as suas ideologias e filosofias, de esquerda e de direita, comunistas liberais neoliberais, capitalistas etc. cada reino segue a sua filosofia política, todas fadadas ao fracasso até que chegue o grande dia: “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. (Ap 11:15)

Em suma: prezamos unidade não pelo partidarismo:

Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. (Jo 17:23)

Prezamos pelo reino de Deus não pelo mundo:

E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1Jo 2:17)

Prezamos pelo Rei eterno que não mente, não falha e é totalmente santo.

E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores. (Ap 19:16)

Prezamos pelo trabalho em ataviar a noiva de Cristo

Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. (Ef 5:27)

Prezamos pelo fato de sermos exemplos em santidade perante os olhos de nossos inimigos:

Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tt 2:8)


CLAVIO JUVENAL JACINTO

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