Na década de 90, o Pastor José Apolônio em um artigo para a
Revista Defesa da Fé, escreveu: “A igreja cristã no Brasil é ameaçada, não
pelos ‘jericoenses’, como nos dias de Josué, mas por ‘ventos de doutrinas’,
grupos heréticos que usam principalmente a palavra pentecostes como bandeira. Eles pregam um evangelho diferente do
que recebemos e praticamos hoje, o qual tem sido o sustentáculo do crescimento
espiritual, durante esses 86 anos de pentecostalismo autentico” (Defesa da Fé
Abril/junho 1997 PAG 10)
Anos se passaram e as
coisas vem ficando ainda mais critica. A cada dia que passa vimos como mais e
mais a igreja perde sua identidade em meio ao mundo, e como aquelas
denominações consideradas pioneiras na mensagem do evangelho, também perderam o
rumo em varias direções.
Que estamos vivendo uma
crise de identidade, não há duvidas. O que me deixa perplexo é que são poucas a
s vozes conservadoras no pentecostalismo. Há poucos gritos, há poucos
manifestos, acende-se uma luz aqui e ali, mas a escuridão da apostasia invade
os arraiais pentecostais, e nossa identidade está indo embora. Ao escrever seu
artigo na Revista Defesa da Fé, o Pr José Apolônio escreveu seu artigo com o
titulo “É Hora de Gritar”. Aquelas eram
palavras de preocupação, já nos idos anos 90.
As poucas vozes que então
vem se levantando parecem ser vozes quase que sufocadas. Há diversos fatores
porque a apologética e o estilo conservador do cristianismo não é atraente, e
desejo citar aqui algumas.
Em primeiro lugar, a
mensagem do cristianismo conservador, foge as regras do fim justifica os meios.
A luta hoje é por números, toda a marca de um êxito ministerial gira em torno
de números, tanto na questão financeira quanto na questão de multiplicação de
adeptos. A mensagem cristã ortodoxa e conservadora não atende mais essa visão.
Então se modifica a mensagem e se apela para estratégias, mesmo que elas deixem
de ser caracterizada por elementos evangélicos e tenha a rigor , mas elementos
maquiavélicos.
Em segundo lugar, a
doutrina da cruz é escândalo para o mundo, e agora também já é escândalo para
muitos cristãos, o que assinala que esses cristãos que repudiam a doutrina da
cruz também são mundanos. Essa aversão por um cristianismo centralizado na cruz
de Cristo e seus efeitos profundos na natureza moral humana, soa como um
insulto aos olhos de muitos cristãos modernos, que foram treinados a ouvir
mensagens emotivas de apego as necessidades egoístas.
Em terceiro lugar, o
emocionalismo e o sensacionalismo parece ser mais atraente do que a mensagem vital
das escrIturas, de que o homem é pecador, que precisa de arrependimento e
conversão, e que somente Jesus pode nos dar a salvação, e na medida em que se
abraça esse ideal divino Jesus precisa ser Senhor e Salvador do cristão. Um
cristianismo sensacionalista, com sinais e maravilhas, interpretado aos olhos
leigos como sinal de aprovação divina de um sistema que quer apresentar um
Salvador, e ao mesmo tempo pretende destronar o Senhorio do salvador, soa como
um absurdo sem precedentes na historia do cristianismo. Mas é isso que está
acontecendo.
Em quarto lugar, nossa
tempo é o tempo das escrituras, não é verdade? Nunca tivemos tanto acesso as
escrituras, há muitas bíblias, e poucos leitores assíduos, que lêem de forma
correta as escrituras. Aliás atualmente é o tempo da multiplicidade de versões,
muitas delas semeando duvidas e confusão na cabeça dos cristãos. Porque tantas
versões, uma omitindo versículos e trechos, mas todas são consideradas como
fieis aos originais.? Como pode haver coerência numa afirmação dessas? Vivemos num tempo de muitas bíblias de estudos
e de pouca profundidade teológica. Vivemos em um tempo de fácil acesso as
escrituras, mas dificilmente você encontra cristãos abalizados nos fundamentos
do cristianismo. Isso é uma lastima!
Em quinto lugar, nosso povo
é um povo muito inclinado para o misticismo, e por isso um evangelho pincelado
com elementos sobrenatuais parece atrair mais as pessoas, (e porque não dizer,
até mesmo certos cristãos?) Eu mesmo tenho experiência de longos anos, como
muitos ditos cristãos preferem um culto desconexo que apresente alguns sinais carismáticos
do que um culto com uma pregação expositiva das escrituras.
Por causa desses fatores e
muitos outros, não mencionados aqui, vimos como a confusão doutrinaria reina no
meio evangélico e passamos por essa crise de identidade. O Rev. Jorge Noda
escreveu em um artigo: “A Igreja Brasileira tem
experimentado dias de confusão doutrinária. Diversos mestres oferecem novas
interpretações de doutrinas clássicas do cristianismo e muitos perguntam se é
esse um novo mover do Espírito Santo ou uma nova onda de heresias dentro da Igreja.
O neopentecostalismo, entre outros movimentos, é o que mais chama atenção. Seu
crescimento numérico espantoso, sua crescente influência nos meios de
comunicação, sua visível participação política, fazem do neopentecostalismo um
dos maiores fenômenos religiosos da atualidade.”(1)
Todo esse
crescimento soa um tanto confuso, já que a comunidade cristã em sua grande
expansão em territorio brasileiro, vem acompanhado de um espírito de
permissividade e liberalismo bem legível diante de todos os olhos críticos. Assim,
vimos como não há uma grande resistência, quando os valores judaicos cristãos são
colocados em jogo. A igreja atual é uma igreja que tenta se adaptar aos valores
mundanos, ou tenta se acomodar ao mundo, ou se conformar com as regras do
mundo, e isso é trágico.
Não
podemos perder a nossa identidade cristã, por isso aquele brado que foi titulo
do artigo do Pr José Apolônio com o titulo É TEMPO DE GRITAR, publicado na
Revista Defesa da Fé, ainda é valido, e mais do que nunca precisamos fazer isso
hoje, como atalaias na defesa da sã doutrina, é nossa responsabilidade pois
escrito está: “Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a
trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre
eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu sangue requererei da
mão do atalaia.” (Ez 33:6)
CLAVIO JUVENAL JACINTO