Três Passos Para Alturas Mais Elevadas
(Three Steps to Higher Heights)
Prof. Johan Malan
Nós recebemos o comando de crescer na graça e conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pedro 3:8), o que nos obriga a elevar-nos espiritualmente de um conhecimento básico a um conhecimento mais avançado de Deus e da Sua Palavra. A implicação é que nós não devemos continuar como pequenos filhos em Cristo, abalados de um lado para outro e levados por todos os ventos de doutrina, mas sim crescer gradualmente para homem e mulher maduros em Cristo (Efés. 4:13-14). Vamos olhar a exemplos da Bíblia de como o princípio de crescimento progressivo se desenvolve, muitas vezes em três fases, à medida que se move para níveis mais elevados. Isso vai ajudar-nos a compreender melhor a dinâmica da nossa vida espiritual, visto que nunca devia haver um ponto de estagnação, mas sim um desafio a seguir alturas mais altas.
Na numerologia bíblica existem números diferentes que têm um distinto significdo espiritual e são muitas vezes usados na Bíblia: Por exemplo o número 3 que se refere à Pessoa e às obras do Deus Triune, o número 7 que é o número de plenitude e finalidade, por exemplo os 7 dias da semana, as sete igrejas, os sete selos, as sete trombetas e os sete julgamentos do Apocalipse, o número 12 que se refere às 12 tribos de Israel e aos 12 apóstolos da dispensação da igreja, e o número 40 que diz respeito aos 40 anos de experiências e deambulação de Israel no deserto e aos 40 dias em que Jesus foi tentado por Satanás. Neste artigo, vamos focar o significado espiritual do número 3, que é usado extensivamente na Bíblia.
Os três níveis do nosso Chamamento cristão
Quando somos chamados a sair das trevas para maravilhosa luz do Senhor (1 Pedro 2:9), isso é apenas o primeiro passo no elevado chamamento de Deus em Jesus Cristo (Filip. 3:14). Há indicações claras de três estágios de desenvolvimento na nossa vida espiritual. São êles:
1. Crentes - Durante a nossa salvação tornamo-nos crentes ao aceitarmos o Senhor Jesus pela fé como nosso Salvador. Mas isso é apenas o comêço de um longo processo de desenvolvimento a caminho da maturidade espiritual. Inicialmente, somos como criancinhas a andar com passos hesitantes, com pouco conhecimento do Senhor e Sua Palavra e aínda não abandonamos por completo a velha natureza. Paulo chama a estes cristãos cristãos “carnais”com prioridades erradas (1 Cor. 3:1-3). Se não conseguirem abandonar a velha natureza para serem crucificados, não vão crescer espiritualmente nem ser capazes de fazer algo para o Senhor (Gal. 5:17). Pode ser fácil dizer que somos crentes, mas seremos também discípulos de Cristo e membros da sua congregação de noivado?
2. Discípulos ou santos - Depois da primeira purga dos nossos pecados, todos nós necessitamos da santificação, como segunda obra da graça. Devemos chegar ao ponto de nos identificarmos tão profundamente com a morte de Jesus na cruz, que submetemos a velha e carnal natureza (a carne) à crucificação, de maneira a podermos ser limpos de todas as suas obras e inclinações pecadoras. Essa é a razão porque o Senhor exige a todos os Seus discípulos que carreguem a cruz da auto-negação (Lucas 9:23; 14:27; Gal. 6:14). Quando fazemos isso, o Senhor enche-nos com a nova natureza em Cristo e torna-nos instrumentos úteis nas Suas mãos (Efés. 4:22-24). Apenas então possuiremos a disposição correcta e poder espiritual para sermos discípulos de Cristo. Essa é também a razão porque o Senhor Jesus instruiu os Seus discípulos salvos a esperarem em Jerusalém até serem cheios com o Espírito Santo (Lucas 24:40; Actos 1:8). Sem êste enchimento de poder das alturas, não teriam sido capazes de ser discípulos de Cristo e trabalhar para Êle.
3. Membros da Congegação-Noiva – O Senhor Jesus não veio só para nos fazer crentes e servos, mas também para nos fazer amigos, membros da Sua congregação-noiva e reinantes consigo no Seu reino (João 15:15; 2 Tim. 2:12; 2 Cor. 11:2). Espera-se de todos os Seus discípulos, que se juntem de tal maneira a Êle, que não só mantenham um relacionamento servo-Senhor com Êle, mas também uma amizade e amor sinceros que os levem a manter-se-Lhe fiéis e a ter uma ânsia forte pela Sua segunda vinda. Como Noiva do Cordeiro, devemos preparar-nos para comparecer perante o Noivo Celestial sem mácula ou ruga, quando Êle vier buscar-nos no arrebatamento (Efés. 5:25-27; 1 João 3:3; Apocal. 19:7-8). A sua noiva glorificada partilhará de toda a Sua glória (Col. 3:4), e reinará com Êle no Seu reino (Apocal. 5:9-10).
O Serviço no Templo do Velho Testamento
Os três níveis de vida cristã acima mencionados também se podem comparar com as três formas de serviço no templo do Velho Testamento:
1. O Pátio – Todos os crentes israelitas podiam entrar no pátio do templo onde se entregavam as ofertas pelos pecados.
2. O Lugar Santo – Apenas aos sacerdotes era permitido entrar no Lugar Santo para servir ao Senhor. Os castiçais, as mesas para o pão da presença, e o altar do incenso eram ali cuidados e mantidos.
3. O Santo dos Santos – Depois havia o Santo dos Santos, por tràs do véu, onde apenas o Sumo Sacerdote podia entrar uma vez por ano, para apaziguamento dos pecados da nação.
No Novo Testamento também há um grande número de crentes que apenas podem dar testemunho do facto que os seus pecados foram perdoados. Existe nas suas vidas a falta de novos passos de dedicação. Em segundo lugar, há os discípulos que são “sacerdotes” do Novo Testamento para proclamar louvores Àquele que os chamou das trevas para a Sua luz maravilhosa (1 Pedro 2:9). Um sacerdote fala ao povo em nome de Deus (proclamando a Palavra), e também fala com Deus em nome do povo (intercessão). Para poder fazer isto, êle necessita de ser ungido (ou cheio) com o Espírito Santo e de se dedicar inteiramente ao Senhor. Depois há o Santo dos Santos, que representa o trono da Graça do Senhor no Novo Testamento. O véu no templo foi rasgado de cima a baixo durante a crucificação de Jesus, e oferece acesso ao trono da graça a todos os filhos do Senhor (Hebr. 10:19-22). Nós podemos agora entrar num relacionamento muito íntimo com o Senhor Jesus, que não foi possível aos crentes do Velho Testamento, e tornarmo nos membros da Sua congregação nupcial, bem assim como co-reinantes (reis) com Êle no Seu reino. Não temos necessidade de intermediários humanos, para podermos manter nos num relacionamento específico com o Senhor; portanto, todos os crentes podem entrar no Lugar Santo desta nova e viva maneira, de modo a receberem a sua herança completa em Jesus Cristo.
Três Níveis da Vontade de Deus
Há também claramente três níveis na operação da vontade de Deus: “Peço-vos portanto, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo, aceitável por Deus, que é o vosso razoável serviço. E não vos conformeis com êste mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que possais experimentar qual é a bôa, aceitável e perfeita vontade de Deus” (Rom. 12:1-2).
1. A Bôa Vontade de Deus – Para fazer a bôa vontade de Deus é preciso que, pelo arrependimento, entremos na Sua vontade saindo de uma vida não-salva que estava a ser vivida fora da Sua vontade: “Porque isto é bom e aceitável aos olhos de Deus nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tim. 2:3-4). Êle não deseja que algum se perca, mas que todos venham ao arrependimento (2 Pedro 3:9). É a vontade claramente afirmada de Deus que sejamos salvos: “De verdade, Deus não considerou êstes tempos de ignorância, mas agora Êle comanda a todos os homens em toda a parte que se arrependam” (Actos 17:30). Quere o leitor começar a fazer a vontade de Deus? “O nosso Senhor Jesus Cristo… ofereceu-Se pelos nossos pecados, para que nos pudesse libertar da presente era maligna, de acôrdo com a vontade do nosso Deus e Pai” (Gal. 1:3-4). A humanidade está dividida em duas famílias -- os filhos de Deus e os filhos do diabo. Se nós fizermos a bôa vontade de Deus, o Senhor Jesus chama-nos A Sua Família (Marc. 3:31-35) e também filhos e filhas do nosso Pai Celestial (2 Cor. 6:17-18). As pessoas não-salvas do mundo e aquelas que mostram apenas uma semelhança de rectidão, são filhas do diabo (João 8:44; Actos 13:10). Fazei a vontade de Deus e tornai-vos membros da Sua família! Êste é o pedido, desejo e comando para toda a gente.
2. A Vontade Aceitável de Deus – Uma pessoa salva recebe o comando de viver uma vida santa, subserviente e aceitável por Deus. Isto constitui o seu serviço razoável, e o Senhor não Se satisfaz com algo menos que isso. Uma vida cristã marginal de carnalidade e falta de fruto não é razoável, e portanto não é aceitável para Deus. Essas pessoas vão um dia comparecer perante o Senhor de mãos vasias, salvas como que pelo fôgo (1 Cor. 3:1-3, 9-17). Estamos nós a fazer a vontade de Deus relativamente à nossa santificação e ao Seu serviço? “Eu rogo-vos portanto, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo, aceitável por Deus, o que constitui o vosso serviço razoável. E não vos conformeis com o mundo mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que possais experimentar qual é a bôa, aceitável e perfeita vontade de Deus” (Rom. 12:1-2). Uma vida santificada, espírito, alma e corpo, é necessária para compreendermos a vontade de Deus e para vivermos uma vida que Lhe é aceitável. Temos o nosso coração limpo e estamos a produzir fruto próprio do arrependimento? ou estamos a ofender o Espírito Santo a êste respeito? Portanto, submetamo-nos à vontade de Deus neste assunto: “Pois esta é a vontade de Deus, a nossa santificação: Que nos abstenhamos de imoralidade sexual… porque Deus não nos chamou para a imundícia mas para a santificação. Portanto, aquele que rejeita isto não rejeita o homem mas rejeita Deus, que também nos deu o Seu Espírito Santo” (1 Tess. 4:3,7,8). Outra pedra de tropêço no caminho de uma vida santa e cheia do Espírito, é o uso de bebidas alcoólicas. “Não sejais sem sabedoria, mas compreendei qual é a vontade de Deus. E não vos embriagueis com vinho que conduz a excessos: Mas enchei-vos com o Espírito” (Efés. 5:17-18). Não vivais com estes maus hábitos, mas abandonai-os e apresentai os vossos corpos como sacrifício santo e aceitável por Deus no Seu serviço: “Portanto, amados, tendo estas promessas, limpemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito humano, aperfeiçoando a santidade no temor a Deus” (2 Cor. 7:1).
3. A Perfeita Vontade de Deus – Uma pessoa que se rendeu por completo ao seguir o caminho da santificação, e está crescer na graça e conhecimento de Cristo, vai por certo desejar conhecer a perfeita vontade de Deus para a sua vida. Isto compreende mais clareza no conhecimento da natureza do seu chamamento e da melhor maneira de o pôr em prática. Paulo diz “Rogo-vos que vivais uma vida digna do chamamento com que fostes chamados” (Efés. 4:1). Nós não devemos agradar a Deus apenas de vez em quando, nem dedicarmo-nos a Êle intermitentemente. Nem devemos contentar-nos com pequenos frutos, quando podemos conseguir muito mais para o Senhor. O que devemos tentar fazer é fazer a perfeita vontade de Deus nas nossas vidas. A oração de Paulo aos colossenses foi “para que possais ser cheios do conhecimento da Sua vontade em toda a sabedoria e compreensão espiritual; para que vivais uma vida digna do Senhor, agradando-Lhe por completo, sendo produtivos em toda a bôa obra e crescendo no conhecimento de Deus” (Col. 1:9-10). O motivo desta oração aos colossenses foi: “para que possais apresentar-vos perfeitos e completos em toda a vontade de Deus” (Col. 4:12). Êles deviam esforçar-se por conhecer e fazer a perfeita vontade de Deus – não apenas a Sua vontade bôa e aceitável. O leitor já descobriu o plano perfeito de Deus para a sua vida? A Bíblia diz que, sob a direcção do Espírito Santo, nós deviamos ter os olhos da mente iluminados, de modo a compreendermos o nosso chamamento espiritual e a nossa herança com os santos (Efés. 1:18). O leitor deve também orar para ser fortalecido com poder através do Seu Espírito no homem interior, para compreender por completo com todos os santos, qual é a largura, comprimento, profundidade e altura do amor de Cristo, que ultrapassa o conhecimento humano, para sermos cheios com toda a plenitude de Deus (Efés. 3:16-19). Êste é um ideal atingível, e digno de seguirmos com toda a nossa alma.
Três niveis de produzir fruto
“Aquele que recebeu bôa semente em terreno bom, é aquele que ouve a palavra e a compreende, que certamente dá fruto e produz: Uns cem, outros sessenta e outros trinta (Mat. 13:23). Nós só podemos dar fruto próprio do arrependimento, depois de termos sido cheios com o Espírito Santo, pois essas obras são também chamadas o Fruto do Espírito (Gal. 5:22). Isso requere em primeiro lugar, que nos tornemos discípulos serventes do Senhor Jesus através do poder do Espírito Santo. O grande desafio para nós é produzirmos fruto para o Reino do Céu. Isto pode-se observar de maneiras diferentes. Uns discípulos são mais decididos e dedicados que outros, e portanto produzem mais fruto. Quando uma pessoa recebe a segunda obra da graça (o estágio da auto-negação e enchimento do Espírito Santo), essa pessoa pode ser olhada, no verdadeiro sentido da palavra, como discípulo do Senhor Jesus. Ela compreendeu o preço do discipulado e apresentou-se para O servir. Dependendo do grau da sua dedicação e verdadeira rendição, existe a possibilidade de produzir:
1. Menos fruto (trinta);
2. Mais fruto (sessenta);
3. Fruto abundante (cem).
Os discípulos de Cristo devem esforçar-se sempre por ser mais santos e mais produtivos. E isso exige uma limpeza completa da carnalidade e do mundanismo: “Cada ramo que produz fruto Êle poda, para que possa produzir mais fruto…Aquele que reside em Mim e Eu n’êle, produz muito fruto”(João 15:2,5).
Os cristãos carnais que não são controlados pelo poder do Espírito Santo, não estão dotados para serem discípulos. Êles não vão produzir fruto próprio do arrependimento, porque as suas vidas são dominadas pela carne, permitindo assim que espinhos e ervas daninhas os afoguem e os tornem infrutíferos no serviço do Senhor.
É o leitor capaz de dar testemunho de santificação e dedicação, ao trabalhar no reino de Deus ao serviço do Senhor? Se a resposta é afirmativa, é o fruto abundante na sua vida? Satisfaz-se o leitor com pouco, ou está a esforçar-se por produzir mais?
Três graus de recompensa
Claramente que vai haver também diversas formas de recompensa na altura do trono de julgamento de Cristo. “Porque nós todos vamos comparecer perante o trono do julgamento de Cristo…Assim portanto, cada um de nós vai dar conta de si próprio a Deus” (Rom. 14:10,12). “Porque nós todos temos de comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um possa receber segundo as coisas que fez com o corpo” (2 Cor.5:10). Estas recompensas não se baseiam na salvação, mas sim nas obras realizadas nas nossas vidas depois de salvos (o fruto do Espírito). Paulo diz:
“…cada um vai receber a sua recompensa, de acôrdo com o seu labor. Pois nós somos os obreiros colaboradores de Deus; vós sois o campo de Deus, o edifício de Deus. De acôrdo com a graça de Deus que me foi concedida, na qualidade de avisado construtor-mestre, eu coloquei a fundação e outro constroi sôbre ela. Mas que cada um tenha cautela com a maneira como constroi. Pois nenhuma outra fundação pode alguém colocar que não seja a que está colocada, que é Jesus Cristo. Agora, se alguém construir sôbre esta fundação com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, o trabalho de cada um tornar se-á manifesto; Pois o dia o vai declarar, visto que será revelado pelo fôgo; e o fôgo verificará o trabalho de cada um, de que espécie é. Se o trabalho de alguém que contruiu sôbre ela durar, essa pessoa receberá uma recompensa. Se o trabalho de uma pessoa fôr queimado, essa pesssoa vai sofrer perda; mas ela própria será salva, no entanto como acontece com o fôgo” (1 Cor. 3:8-15).
Todo o cristão deve ter cuidado com a maneira como conduz a sua vida em Cristo na fundação do arrependimento. Nem todos os cristãos fazem obras de valor eterno, visto que nem todos estão a viver sob a direcção do Espírito Santo. Mas todas as suas obras vão ser julgadas no tribunal de Cristo, e recompensas de graça concedidas, de acôrdo com elas. Em Lucas 19:11-27, o poder provedor do Espírito Santo é comparado a uma mina que é dada a todos os cristãos. Isto é, uma habilidade divina para trabalhar, que pode ser utilizada por cristãos dedicados ou negligenciada por aqueles que apenas são semi dedicados. Pode também ser utilizada mais, ou menos extensivamente. Da parábola em Lucas 19, torna-se óbvio que a primeira coisa a acontecer na segunda vinda do Senhor Jesus, será a recompensa dos Seus servos. Os três níveis de recompensa perante o trono do julgamento são descritos como segue:
1. Maior recompensa – “E assim foi que, quando êle voltou tendo recebido o reino, êle então mandou chamar os servos a quem tinha dado o dinheiro, para saber quanto cada homem tinha ganho no negócio. E então chegou o primeiro e disse Mestre, a tua mina ganhou dez minas. E êle respondeu-lhe: Bem feito bom servo; porque foste fiel em pouco, dou-te autoridade sôbre dez cidades (Lucas 19:15-17). Esta pessoa dedicou toda a sua vida ao seu patrão, trabalhando ao máximo e ficou-lhe fiel até ao fim.
2. Menor recompensa – “E o segundo veio dizendo: Mestre, a tua mina ganhou cinco minas. Da mesma maneira êle respondeu-lhe: Governa também sôbre cinco cidades” (Lucas 19:18-19). Êste servo também prestou serviço dedicado ao seu senhor, e conseguiu muito. Mas não produziu o máximo que podia produzir. Possivelmente não pôs de lado todas as cargas que o impediam (Hebr. 12:1). Preocupações e cargas são coisas seculares que não são necessàriamente pecados, mas que exigem muito do nosso tempo, dinheiro e atenção, afastando-nos assim de uma maior dedicação à causa do Senhor.
3. Nenhuma recompensa – De acôrdo com Lucas 19:20-26, o terceiro servo pôs de lado a sua mina e não a utilizou em nada. Por certo que êle era um dos servos do seu senhor, mas chegou à sua frente de mãos vasias. Um futuro duvidoso espera êstes discípulos que falham. Êles ocuparam-se com coisas perecíveis (madeira, feno, palha) e até construiram sobre a fundação de Jesus Cristo com êsses materiais. Estas pessoas laboram erradamente na ideia que estas coisas seculares, que não têm qualquer valor na eternidade, vão ser aceites pelo Senhor como boas obras a recompensar. Isso não vai acontecer, pois as nossas melhores obras que são feitas sem o Espírito Santo, são como trapos imundos para o Senhor (Isa. 64:6).
Três níveis de declínio espiritual
Existe uma forma distinta de retrocesso espiritual que é seguida quando uma pessoa cede às tentações. Podem-se também identificar três estágios neste processo. Tiago diz: “Cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, quando a cocupiscência é concebida, dá à luz o pecado; e o pecado quando consumado gera a morte” (Tiago 1:14-15).
1. Tentação – Todos os pecados começam com pensamentos, e assim as tentações são pensamentos pecaminosos que nascem nos corações e mentes das pessoas. Tais pensamentos podem ter origem em desejos carnais ou sugestões malévolas provenientes do diabo. Êle dispara às pessoas dardos de fôgo, através dos quais são plantados nas suas mentes pensamentos e intenções vis (Efés. 6:16). Se nós quizermos evitar o caminho do retrocesso espiritual devido ao pecado, então temos de resistir aos pensamentos pecaminosos. Cada pensmento deve ser submetido à obediência a Cristo (2 Cor. 10:5). Se nos descuidarmos em fazer isto, comprometemo-nos justificando o pecado sugerido, e começamos a procurar maneiras de o cometer. Neste caso, teremos sido verdadeiramente tentados e em breve daremos o passo seguinte, de pecar activamente.
2. Cometer o pecado – Depois de uma pessoa ter sido levada pelos seus maus desejos, êles em breve conduzem ao pecado. A pessoa exterioriza tais desejos e então comete a acção pecadora.
3. Escravidão ao pecado – É uma característica geral do pecado apertar firmemente a vítima, forçando-a a cometer repetidamente o mesmo. E a pessoa, torna-se assim escrava do pecado. No decorrer do tempo, acrescentam-se-lhe outros pecados, envolvendo a pessoa ràpidamente numa teia de iniquidade. Se essa pessoa não fôr libertada do seu pecado antes de morrer, ela vai abrir os olhos no inferno, pois “o salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23).
Outros exemplos da importância dos três
Os 15 seguintes são outros exemplos da frequência dos três, reflectida na criação e obras de Deus – e também no reino das trevas:
O Deus Triune – O Deus da Bíblia revelou-Se como um Deus consistindo de três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo: “Pois há três que dão testemunho no Céu: O Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e êstes três são um” (1 João 5:7; João 1:1,14; Apoc. 19:13).
Três ofícios – A Bíblia menciona três ofícios de Cristo, isto é, Profeta, Sacerdote e Rei. Embora êstes ofícios Lhe tenham sempre sido atribuídos, êles são cronològicamente cumpridos no Seu ministério terreno. Durante a Sua primeira vinda Êle foi um profeta a proclamar os mistérios do Reino de Deus oferecendo-Se também como resgate pelos nossos pecados. Depois da Sua ascenção, Êle age como sumo sacerdote que vive para sempre para interceder por nós junto ao trono do Pai. Quando vier outra vez, Êle virá como Rei dos reis, para goverernar na Terra durante o Seu reino milenário de paz.
Três dias na sepultura -- Cristo esteve na sepultura durante três dias e noites ou parte delas. Isso foi entre a Sua morte na cruz e a Sua ressurreição. Êstes factos são os aspectos capitais da nossa confissão da fé cristã.
Três milénios – O ministério do Senhor Jesus engloba três dias de mil anos cada, (2 Pedro 3:8). Êstes três milénios são os 2.000 anos da dispensação da igreja e o reino de paz de mil anos, em que Cristo governará como Rei (Lucas 13:32). Durante dois dêstes “três dias”, Israel esteve na Diáspora, e no terceiro dia o povo israelita será reavivado espiritualmente para viver à vista do Messias (Hos. 6:1-2).
Três mundos – A Bíblia refere-se ao mundo pre-adâmico que “existia então” e que pereceu inundado pela água, ao mundo que “existe agora” e vai ser destruido pelo fôgo no dia do julgamento, e ao mundo de “novos céus e nova Terra” que aínda vai ser criado (2 Pedro 3:5-7,12-13).
Três céus – Existem três céus a saber, o céu atmosférico (Mat. 6:26), o céu estrelado, (Salmo 8:4) e o terceiro e mais alto céu onde reside Deus (Lucas 2:14). Paulo foi levado ao terceiro céu (2 Cor. 12:2-4).
Três estágios na vida humana – Êstes são o velho homem, que está espiritualmente morto devido ao pecado e ofensas (Efés. 2:1), o homem nascido de novo e regenerado (Efés. 2:5; 1 Cor. 15:22) e o homem glorificado que será dotado de um corpo imortal ressuscitado quando Cristo voltar (1 Cor. 15:51-53; 1 Tess. 4:16-17).
Três atributos humanos – O ser humano é composto de um espírito, uma alma e um corpo (1 Tess. 5:23).
Três grupos de pessoas – Existem três largos grupos étnicos na família humana, que descendem de Shem, Ham e Japhet.
Três grupos espirituais – Do ponto de vista espiritual, a humanidade pode dividir-se em Israel, a Igreja e os Gentios.
Três níveis de negação espiritual e restauração – Pedro negou o Senhor três vezes (Lucas 22:61). Depois prometeu solenemente três vezes que serviria o Senhor e olharia pelo Seu rebanho (João 21:15-17).
Três revelações do poder de Elias – Há três revelações do espírito e poder de Elias. A primeira foi durante o ministério do profeta do Velho Testamento Elias. A segunda foi na vida de João Batista, que veio no espírito e poder de Elias (Lucas 1:17) e a terceira vai ser um testemunho especial do Senhor, que também agirá no espírito e poder de Elias durante a primeira parte do período da tribulação (Mal. 4:5; Apoc. 11:3-6).
O triumvirato satânico – Satanás, o Anticristo e o Falso Profeta vão agir como um triumvirato maligno durante a tribulação a vir, para governar o mundo e lançar o maior assalto da história contra o reino de Deus (Apoc. 13:1-18; 19:19-20; 20:1-2).
Três grupos de julgamentos – Vai haver três grupos de julgamentos divinos no período da tribulação: Os sete selos, as sete trombetas e os sete julgamentos da taça.
Três grupos de pessoas no milénio – Os três grupos seguintes de pessoas vão ocupar a Terra milenária: Primeiro, os crentes ressuscitados e glorificados de todos os tempos, que serão como os anjos e reinarão com Cristo no Seu reino (Mat. 22:30; 1 Tess. 4:16-17; Apoc.5:9-10; 20:6). Em segundo lugar o povo de Israel, que aínda terá corpos mortais, mas que será todo salvo e terá a seu cargo especial evangelizar a comunidade mundial durante o milénio (Jer. 31:33-34; Isa. 27:6; Zac. 8:23). Em terceiro lugar as nações que serão ainda de pessoas mortais e cujos filhos nascerão com uma natureza pecadora e consequentemente têm de ser evangelizados. Porque o diabo estará preso durante êsse tempo, as nações viverão em paz e servirão o Senhor, mas nem sempre de todo o coração (Apoc. 20:1-3; Isa. 2:2-4; Jer.3:17; Zac. 14:16-17). No final do milénio, quando o diabo fôr solto por pouco tempo, as nações vão ser intensamente enganadas por êle, para as levar a levantar-se contra Deus e contra a cidade dos santos (Jerusalém) e fazer guerra contra êles (Apoc. 20:7-10).
De todos estes exemplos do uso do número três na Bíblia, torna-se evidente que existe um elemento repetido complexo na esfera espiritual, a que certamente devemos dar a nossa atenção. Não só há uma distinção básica entre a luz e as trevas, mas também graus de glória e graus de escuridão espiritual. O cristão é sempre convidado a subir a alturas mais elevadas, a produzir mais fruto, a tornar-se mais santo e a aproximar-se mais do Senhor Jesus. Há também uma pluralidade de fenómenos nos reinos de Deus e de Satanás de que devemos ter conhecimento. Se considerarmos estes factos, não seremos vítimas da decepção e de apresentações simplistas das realidades espirituais. Nós devemos sempre esforçar-nos por verificar se compreendemos a totalidade de um assunto, e conhecer exactamente a natureza do nosso relacionamento com o Deus Triune. Igualmente, devemos compreender por completo quais são as nossas obrigações, e então seremos completos como filhos de Deus, “devidamente equipados para toda a bôa obra” (2 Tim.3:17)
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