quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Como estudar a Bíblia (sozinho)



Por : André Daniel Reinke

Muitas pessoas gostariam de conhecer melhor a Bíblia mas não sabem exatamente

como. Têm a intenção, mas não as ferramentas. Por isso, resolvi escrever este pequeno artigo para auxiliar essas pessoas.

Quando eu era um gurizinho (lá em Ijuí, interior do Rio Grande do Sul), gostava muito de ler. Isso foi de grande ajuda pra toda minha vida. Um dos livros que li naquela época foi “Como Estudar a Bíblia Sozinho”, de Tim LaHaye. Foi um bom ponto de partida, razão pela qual resolvi usá-lo como base para esta dissertação.

Como ler a BíBlia

Nós lemos muito mal. Inclusive a Bíblia. Não prestamos muita atenção e saímos concluindo coisas absurdas daquilo que mal compreendemos (veja que a população brasileira é composta de aproximadamente 75% de analfabetos funcionais, isto é, pessoas que sabem ler mas não entendem o que lêem). Precisamos aprender a ler, por incrível que pareça.

Para ler bem a Bíblia, quero deixar algumas dicas:

- Leia calmamente: não tente vencer uma quantidade enorme de texto de uma vez.

Se ler um capítulo, verifique o que há antes dele e o que vem depois para entender a

sequência das ideias.

- Se não compreender muito bem algum versículo, leia várias vezes e verifique também

em outras traduções que podem ajudar a esclarecer determinado ponto.

- Utilize um lápis para fazer apontamentos nas margens e um marcador de texto (ou

lápis de cor) para sublinhar as passagens que lhe chamaram a atenção ou que contém

alguma mensagem importante. Pode parecer bobagem, mas nós lembramos de muitos textos e de sua localização simplesmente pela cor com que sublinhamos.

- Tenha disciplina; separe um tempo diário para a leitura.

métodos de estudo BíBliCo

Há diversas maneiras de se estudar a Bíblia. Independente do método, é preciso achar

um FOCO e se manter nele. Ache um caminho e evite tangenciar. Cientificamente,

esta estratégia chama-se “delimitação do problema”: você diminui a área de pesquisa

para poder se aprofundar nela. Bem, seguem alguns métodos que podem lhe ajudar.

1. Estudo Livro por livro

Neste método, você deve eleger um livro da Bíblia e aprofundar-se nele. Sugiro começar

com livros menores, como I João, ou Habacuque, por exemplo. Consiste em

enumerar uma série de questões a respeito do livro e depois procurar respondê-las:

quem foi o autor? Em que circunstâncias ele escreveu o livro? Para quem e quando

ele o fez? Qual o contexto daquele tempo? Quais foram os problemas abordados pelo autor e as soluções apresentadas? O que sua mensagem significa para nós, hoje, em pleno século XXI?

Claro que estas perguntas não serão respondidas pela simples leitura da Bíblia. Você

precisará dos materiais de apoio que descrevo mais adiante, em “Ferramentas de Estudo”.

2. Estudo de Capítulo

O estudo de um capítulo da Bíblia (ou um excerto maior ou menor) é interessante

para a apreensão de mensagens específicas e para busca de temáticas pontuais. Ele permite maior aprofundamento no texto e deve ser bem mais meticuloso do que quando se estuda um livro inteiro. Assim como o método anterior, o estudo de capítulos também deve responder algumas perguntas: qual é o assunto tratado? Qual o versículo chave (o principal) do texto? Qual a lição central do capítulo? Que promessas e que ordenanças há no texto?

Este método requer uma leitura repetitiva e profunda do texto, procurando entender

bem cada detalhe e o significado exato de cada frase. Também requer um cuidado

quanto à delimitação do texto: a divisão por capítulos é artificial, isto é,humanamente criada. Ela não existe nos textos originais. Então, algumas vezes a divisão interrompe um raciocínio anterior. Logo, você deve verificar bem o contexto anterior e posterior do capítulo para não cair neste tipo de armadilha e acabar apreendendo a mensagem pela metade.

3. Estudo de Personagem

O método de estudo de personagens é muito interessante para aprender através do

exemplo, seja ele positivo ou negativo. Afinal, nós podemos tirar algo para nossa vida pela imitação, mas também como um aviso para não repetir o erro de outro. Assim como os outros métodos, algumas perguntas devem ser respondidas: como foi a infância e a vida familiar do personagem? Quais os traços positivos e negativos do caráter dele? Como foi seu principal encontro com Deus, se houve? Se não houve, por quê? Quem foram seus companheiros? Qual foi sua área de influência? Se ele errou, o que fez? Ele se arrependeu e confessou o pecado? Quais foram suas contribuições para o serviço de Deus?

Você pode elaborar suas próprias perguntas, dependendo do que você quiser descobrir do personagem. A informação, por vezes, precisa ser garimpada.

4. Estudo de Temas

A escolha de um tema para estudo bíblico é uma das melhores maneiras de delimitar

o problema de pesquisa. Além disso, ele permite a ampliação do estudo para excertos

da Bíblia inteira, o que é desejável no sentido de dar uma visão global da revelação de

Deus. Neste caso, será necessário um conhecimento bíblico maior, até para buscar a

recorrência do assunto em diversos livros.

Nesse caso, o segredo está em escolher o assunto. Por exemplo: adoração. Como funcionava

a adoração no tempo dos patriarcas? E em Israel, no período dos reis? Como

os profetas a entendiam? E como ela se estabelece no Novo Testamento? Assim também

outras questões podem ser levantadas: idolatria, amor às riquezas, discriminação,

a graça de Deus, etc. O limite é a criatividade.

Ferramentas de estudo

Não basta apenas uma Bíblia para fazer um bom estudo. Seguem algumas dicas de

livros de apoio que foram importantes para o aprendizado e que podem ajudá-lo nos

seus primeiros passos.

1. Bíblia comentada: uma boa Bíblia com comentários de rodapé é uma excelente

ferramenta para dirimir dúvidas pontuais. Sugiro a Bíblia de Thompson (Editora Vida)

e a Bíblia de Jerusalém (Editora Paulus). Na minha opinião, a segunda é a melhor tradução

que dispomos em português, elaborada por estudiosos católicos, protestantes,

rabinos e historiadores.

2. Manual Bíblico de Halley (Editora Vida): trabalha bastante com descobertas arqueológicas

e possui uma maneira muito interessante de explicar o texto bíblico. É tão

simples e acessível que eu o lia (e compreendia) com anos de idade.

3. Dicionário Bíblico: esta é uma ferramenta indispensável. Você pode estar estudando,

por exemplo, um evento em que aparece um samaritano. Afinal, o que é um samaritano?

O lugar ideal para consultar é um dicionário, onde está explicada sua origem e

ainda há a indicação de outros verbetes para pesquisar (como, por exemplo, a cidade

de Samaria). Minha sugestão, que me ajudou muito (e ainda ajuda) é o Dicionário

Bíblico Davis (Editora Hagnos).

4. Comentário Bíblico: há comentários versículo por versículo muito interessantes.

Alguns bastante completos (como os comentários do Antigo e do Novo Testamento

de Champlin, da Editora Hagnos, que compõe um total de grandes volumes), e

outros em apenas um volume, bem mais resumidos. Aí existem diversas possibilidades

nas livrarias cristãs.

5. Concordância Bíblica: é uma chave de textos bíblicos agrupados por palavras citadas

ou por temas. Hoje em dia, além de livros impressos, há a possibilidade de busca

na Internet, em sites de Bíblias Online, onde basta digitar a palavra procurada para ver

a lista de todos os versículos que a mencionam na respectiva tradução.

6. Atlas Bíblico: é uma ferramenta muito útil para a visualização dos reinos vizinhos

de Israel e entendimento melhor do contexto histórico-geográfico das histórias que estudamos

na Bíblia. Pela linguagem acessível, sugiro o atlas que publiquei pela editora

Hagnos, intitulado Atlas Bíblico Ilustrado.

memorização

Um hábito perdido nas igrejas e que deveria ser recuperado é a memorização de versículos

bíblicos. É importante até como prática de disciplina espiritual. Nos momentos

difíceis, a Palavra de Deus se mostra na nossa lembrança. Crie o hábito de escrever um

versículo importante em uma ficha e leia-a com frequência para decorar.

5

HermenêutiCa

Para estudar a Bíblia é importante mencionar a questão da interpretação. Não quero

elaborar muito esse assunto nesta dissertação porque o tema é longo e merece um

artigo próprio. Mas o importante é que você entenda que não basta ler o texto puro:

é preciso verificar o contexto em que ele foi escrito, tomar cuidado com expressões

idiomáticas, linguagem figurada ou até mesmo quando se trata de uma parábola (a

expressão bíblica para histórias ficcionais que ensinam verdades morais). Não esqueça:

para ajudar a interpretar, são imprescindíveis as ferramentas de estudo anteriormente

mencionadas.

esCrevendo para CompartilHar

Bem, agora chegamos à questão do compartilhamento de informações. Não pretendo

aqui explicar “como se escreve”, mas colocar algumas questões sobre créditos. Todo

conhecimento foi construído por alguém, e esse alguém merece ser citado. Imagine

se você compusesse uma música que de repente todo mundo estivesse cantando e um

dia, sem mais nem menos, alguém aparecesse afirmando tê-la composto? Chato, não?

Então, é importante você citar as fontes de onde saíram suas informações. Isso se chama

“referência bibliográfica”. Ao final da sua redação, deverá constar a lista de nomes

dos autores das obras consultadas. Não é difícil, é só seguir sempre a seguinte ordem:

ÚLTIMO NOME, Primeiro Nome. Título. Local: Editor, Ano.

Exemplo:

LAHAYE, Tim. Como Estudar a Bíblia Sozinho. Venda Nova (MG): Editora

Betânia, 98 .

Claro que, no caso da Bíblia, você não vai colocar “DEUS” como o autor. Neste caso,

inicia-se diretamente com o título da Bíblia adotado. Outra coisa: se a consulta foi em

documentos ou textos publicados na internet, valem as mesmas regras, incluindo-se aí

o endereço eletrônico e a data do acesso.

Exemplo:

REINKE, André Daniel. Coisas deste mundo. Disponível na Internet via

http://curiosidadesbiblicas.com.br/curiosidades/categoria/cronicas/.

Arquivo capturado em 6 de julho de 0 0.

6

Arquivo de autoria de André Daniel Reinke disponibilizado no site www.curiosidadesbiblicas.com.br.

Reprodução permitida, desde que citada a autoria (André Daniel Reinke) e a fonte (endereço do site).

Bem, há outros detalhes sobre bibliografia, mas que não vou relatar aqui porque não

é o objetivo desse texto. O importante é que você dê crédito a quem produziu algo.

Respeitando os outros, você também será respeitado.

A partir de agora, mãos à obra. Você vai aprender fazendo – não há outro modo.

Errando, acertando, o aprimoramento virá com o tempo. Mas apenas um momento

é realmente definitivo: o começo. Sem ter iniciado o movimento, você nunca chegará

a lugar nenhum.

BiBliograFia

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 00 .

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo.

São Paulo: Hagnos, 00 . 7 volumes.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo.

Guaratinguetá (SP): A Voz Bíblica, s.d. 6 volumes.

DAVIS, John D. Novo dicionário da Bíblia / Edição Ampliada e Atualizada. São Paulo:

Hagnos, 005.

HALLEY, Henry H. Manual bíblico. São Luís: Evangélica, 96 .

LAHAYE, Tim. Como Estudar a Bíblia Sozinho. Venda Nova (MG): Editora Betânia,

98 .

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