Duas vezes no começo do evangelho
de Mateus vimos um relato referente as pedras do deserto da Judéia. João o
batista, estava pregando o chamado ao arrependimento, e muitos judeus vinham
ter com ele. A dura repreensão, por causa da superficialidade da vida espiritual
de muitos judeus, fez com que o batista os chamasse de filhotes de serpentes. E
em seguida o batista dizia que Deus poderia das pedras do deserto da
Judéia, fazer filhos a Abraão. É lógico
que essa identificação com o poder de Deus, nos leva para uma reflexão mais
profunda da questão, uma vez que Genesis relata que Deus fez o homem do pó da
terra, é lógico acreditar que o Batista cria que o Senhor também poderia criar
filhos de Abraão a partir das pedras adormecidas no deserto da Judéia. Mais a frente,
depois desse episodio naquele deserto misterioso, as escrituras afirmam que o Espírito
conduziu Cristo ao deserto. Todos os comentadores e praticamente todos os
estudiosos das escrituras acreditam que esse deserto era o deserto da Judéia.
Então temos o conflito, o confronto entre Cristo e satanás, e o desafio de satanás era que Cristo
transformasse em pães, aquelas pedras
que João Batista disse que Deus tinha o poder de transformá-las em filhos de Abraão!
As pedras da Judéia testemunharam uma fé verdadeira de João Batista e uma fé
doentia de satanás. É lógico que ele sabia que Deus poderia transformar pedras
em pães, porem qual era a intenção por trás
de um milagre dessa natureza naquelas circunstâncias? Aqui está algo com que temos que refletir. Deus não manifesta o seu poder com o intuito
de fazer show de poderes divinos. Não efetua milagres por causa do desafio de
seres que com segundas intenções querem profanar o nome santo e a conduta reta
daqueles que são santos. Nos dois casos
não houve milagres, nem em João batista e nem na tentação de Cristo. Não porque
Deus não teria o poder de efetuar isso, mas porque nao é por esse caminho que
Deus trabalha.
Estamos diante de um dilema! As pedras não
foram transformadas em pães, muito menos surgiram filhos de Abraão das pedras
do deserto da Judéia. Porém elas testemunharam de um home que foi arauto de uma
fé que começava a cintilar no noite escura da humanidade, e dali daquele campo
de batalha, o deserto da Judéia, se deu um confronto de forças espirituais
opostas, cuja a vitória definiu o rumo da redenção da humanidade. É nesse
deserto, que o testemunho silencio ganha um brado, pois se permitirmos nosso
silencio as pedras da Judéia irão clamar. Estamos sendo conduzidos por uma
espécie de cristianismo onde o milagre parece ser o cartão de visitas ou que é
pelo menos a prova definitiva de que
temos uma verdade. Porem a verdade de Cristo e a verdade de João Batista forma
sem sinais evidentes. A Bse da conduta de ambos foi uma pela confiança e uma
forte obediência a um chamado e a uma missão, e isso é o que nos interessa
nesses dias difíceis. O que nos interessa? A glória de Deus? Qual é a nossa
missão aqui nessa vida? Estamos indo de acordo com a nossa vocação celestial?
Como vimos todo esse mundo e a nossa vida e o curso que El se movimenta nesses
últimos dias? Estamos cumprindo com a nossa missão? As vezes crer no poder de Deus é suficiente e esperar que a manifestação da sua glória no
tempo certo é a nossa esperança. João afirmou que as pedras poderiam se
transformar em carne e ossos, porem isso não aconteceu. Isso não significa que
Deus não tinha poder para isso, ou que a sua fé não foi suficiente, apenas é
algo com que temos que moldar a nossa fé, e crer que Deus não age conforme
nossas perspectivas existenciais. É isso! E quando as pedras não se
transformaram em pães quentinhos e saborosos,
isso não diminui a glória e o poder de Deus, em hipótese alguma. Deus não pode
ser diminuído na nossa vida quando não vimos um milagre acontecer, exatamente
porque esperamos o milagre que livre a nossa pele, e não para que Deus seja
engrandecido no nosso corpo.
Aas pedras continuaram sendo
pedras, essa é a função delas dentro do mundo natural. Deus não intervém em
algo simplesmente para satisfazer nossas necessidades egoístas. Em hipótese alguma
ele jamais faria isso. Quando o verbo se faz carne, e isso por si só é um
milagre mais extraordinário do que pedras se transformarem em pães e em filhos
de Abraão, e outro que precede o primeiro é a a ressurreição gloriosa, e nesse
sentido de existência do verbo Messias encarnado e glorificado, vimos as
maravilhas de Deus de forma plena no espaço e no tempo. Enquanto isso as pedras
do deserto da Judéia ainda estão lá, elas foram testemunhas do conflito
espiritual de Mateus 4, ouviram o brado de João Batista. As pedras sinalizam o
poder de Deus, mesmo sem um milagre aparente. João nunca viu as pedras se
transformarem em homens, porém as almas endurecidas pelo pecado, embrutecidas
pela iniqüidade, se desmantelam pelo poder do sangue remidor do Salvador. E isso
é a glória da redenção. A misericórdia de Deus em ação. Cristo não transformou as pedras em pães,
porém Ele mesmo, com a vitória na consumação de uma eterna redenção torna-se a
pedra de esquina, o fundamento de todo o edifício da salvação eterna que Deus
mesmo concede a cada homem pecador que se arrepende de seus pecados. Pedras que
não se transformam em pães e que não tornaram-se em filhos de Abraão, mas que
finalmente ilustram a base pela qual é firmada a casa espiritual, a nossa fé,
não em areia sem segurança, mas numa rocha inabalável que é o próprio Cristo, e
ele sendo a pedra de angular, misteriosamente é o Filho do Deus de Abrão e o
pão da vida.
Pr Clavio Juvenal Jacinto Igreja Evangelica
Caminho da Paz